Circulo de Pedra


Capitulo XVI

***

Quando Aikin acabou de revelar sobre mim... O feitiço que escondia o rosto de Adryel desapareceu e eu pude ver a incrível semelhança com Hesmar! Agora sem o medo. Eu sentia um misto de euforia e alegria por Keren a mãe deles. Porque, a esperança de que seu filho estivesse vivo mantinha maior o seu amor de mãe. Eu perguntei ao Aikin como ele sabia de tudo isso sendo um carvalho e ele me explicou:

*=Há muitos séculos atrás minhas raízes mais profundas se espalharam de maneira que atravessaram as dimensões, se estabelecendo na floresta. Como minha raiz estava na dimensão paralela da fronteira de “Anatólia” meu espirito podia se materializar do lado de lá, e assim eu descobri muitas coisas sobre as duas ilhas. Principalmente as coisas ruins porque, elas são mais visíveis pelas suas energias escuras. E assim fiquei sabendo da maldade do Cardeal, mas como sou um Elemental eu não posso agir no mundo dos humanos sem que eles me peçam ajuda. 
O Rei Áureo foi o melhor Rei que as Ilhas já tiveram. O Pai de Keren foi um bom Rei, mas nunca houve uma influência tão positiva nas “Ilhas" quanto a influência do Rei Áureo. Sob sua orientação sábia e diplomática, o nível do comércio da “Ilha” aumentou exponencialmente a cada ano que passava. Nada poderia tê-lo preparado para ver tudo desmoronar. Perder sua fé. Desejar a morte. 

Ele foi Sequestrado e traído por seu amigo mais próximo, o Cardeal Marttei. Além de ser ferido, o Rei Áureo morreu por motivos do coração além de ter sido ferido pelo esqueleto. Ele morreu tanto pela dor de sua alma por descobrir que foi traído por seu amigo, quanto como pelas feridas infligidas pelos animais das florestas que tentaram devorá-lo enquanto ele sangrava. Seu fiel escudeiro foi quem conseguiu espantar as feras e levar seu Rei para o palácio, mas sem chances de se recuperar. Porque sua alma estava ferida de morte. Tão ferida que o Rei esqueceu que seu filho precisava dele ainda. 

= O que fez meu pai não querer mais viver Senhor Aikin.

* = Enquanto o Rei agonizava o Cardeal contou a ele sobre todo plano sórdido que ele fez de colocar o filho bastardo no trono. Contou que enganou a Rainha e que a fez matar seu outro filho, o gêmeo que nasceu são, para colocar o bastardo no lugar. Porque ele sabia que o Gêmeo doente não era o primogênito. O Rei que nunca havia conseguido superar a perda de “Sunna” com sua cria no ventre. Estava sabendo de maneira sórdida da morte de mais um de seus filhos e de maneira tão trágica. No primeiro momento, ele só pensou em vingança. Coroando o Gêmeo que nasceu por segundo, ao invés de coroar o primogênito. Ele fez isso para garantir o reinado do seu filho legítimo e para rir na cara da Rainha que esperava que seu bastardo reinasse. 
O Rei  não sabia que a Rainha era inocente e que não conseguiu matar seu filho por amor. Mesmo diante da chantagem do Cardeal sobre contar tudo ao Rei. Keren que já estava com a arma que o cardeal lhe deu na mão, para matar sua cria doente e levar o são e o bastardo para “Anatólia” dizendo que o outro tinha morrido pela enfermidade. Não o fez. Mesmo que sua cria estivesse desenganada ela o amava.

Keren não o matou. Preferiu levar sua cria doente para dar seu carinho a ele em seus últimos dias. Ela deixou seu primogênito com a família que a criou fora da “Ilha” e prometeu voltar para busca-lo quando sua cria desenganada morresse. Mas isso não aconteceu. E ao vê-la chorar o Cardeal soube que seu Primogênito vivia e estava com a família que cuidou da Rainha. Keren chorava por saber que perdera o seu primogênito para sempre... Porque ela teria que optar por abandonar um deles. Na mente dela o Rei mandaria matar seu bastardo se soubesse da traição. (Que foi toda tramada pelo cardeal). Então ela optou por deixar seu filho sadio com a família e ir vê-lo sempre que pudesse, mas o cardeal mandou enfeitiça-la para que ela nunca conseguisse atravessar os portais. A Rainha entrou em depressão. E o cardeal mandou matar a cria. Mas o senhor Johan pegou-o e levou-o para floresta. Foi quando Frithu o encontrou.


- Sim! Foi quando o encontrei Surya! O senhor Johan estava agonizando ao lado de uma árvore tentando esconder algo entre algumas folhas, percebi que ele sentia a morte chegar e queria esconder alguma coisa valiosa de alguém. Eu ainda não sabia que fosse uma cria porque vi de longe. Eu cheguei devagar junto dele para não assustá-lo... Mas ele apontou uma arma estranha para mim. Não era uma arma branca como as eu conhecia. Eu quase fui embora, mas resolvi tentar ajudar assim mesmo fazendo o possível para que ele entendesse que não queria seu mal.
E com muita relutância dele eu consegui me comunicar. Quando ele abaixou a mão que apontava a tal arma, eu disse que não o machucaria que iria salvá-lo. Foi quando ele retirou as folhas de cima de Adryel e pediu-me que eu salvasse sua pequena cria. Perguntei por que o estava escondendo e o que havia acontecido? Porque a cria estava cinzenta... Ele falou acreditava nos seres da floresta e sabia que algum deles iria resgatar a cria quando o encontrasse entre as folhas, e me contou que uma das criadas da família o havia envenenado por ordem do Cardeal! Que sua esposa estava morta e ele ferido. Eu disse que não entendia de antídoto principalmente se não soubesse qual foi o veneno usado. Naquele momento Aikin saiu da árvore e pegou Adryel nos braços para tentar salvá-lo. Ele não conseguiria salvar os dois ao mesmo tempo, principalmente porque a cria estava envenenada, o que retiraria muitas energias dele. Eu tentei salvar o senhor Johan com o que eu conhecia como mateiro. Mas não consegui. Ele morreu. Aikin salvou Adryel e eu fiquei com ele. E durante todo o tempo seres de todo tipo tentou matar minha cria! E se arrependeram de ter nascido!. Quando Adryel cresceu eu contei a ele sobre sua família. Mas eu não sabia de voce Surya. Eu precisei contar porque estava visível que eu não poderia ser pai de um humano. 

- Voce é meu pai sim Papai! 


- Eu sei filho! Mas agora voce precisa salvar sua mãe. Ela vai morrer nas mãos de Marttei se não chegarem a tempo. 


*= Primeiro ele vai dissuadi-la a casar com ele para que possa ter autonomia sobre o trono de “Anatólia” e mais tarde de “Atêmi”.


= Como ele faria isso Aikin? 

*= Com a ajuda do Bastardo Surya! Ele está enfeitiçado para fazer o que o Cardeal ordenar. 


= Gratidão eterna pela ajuda Aikin! Mas agora eu tenho urgência em ajudar meu irmão. Essa não é hora para que ele disperse tempo a minha procura, com sua mãe no cativeiro. 

- Nós vamos com voce Princesa! 


= Não podem! O Cardeal vai descobrir Adryel na hora! Ele é idêntico a Hesmar. 

Quando acabei de falar e olhei para Adryel... Ele estava totalmente verde... Uns vinte cm mais alto e com as lãs grossas como as lãs dos Drows... Eu perguntei o que havia acontecido e ele me respondeu: 

- O que eu iria te dizer quando papai me interrompeu é que voce agora é um mutante assim como eu  voce é agora filha de Aikin e podemos mutar para os Dríades com características mais humanas do que as árvores. 


Ele acabou de explicar e voltou a sua forma humana, e eu falei confusa:

= Por Gaia! Eu que já tenho mutado para tantas coisas, agora tenho uma mutação natural? 

- Sim! Voce pode usá-la sempre que quiser. Quais são suas mutações.? 


= Não são pré-definidas Adryel. É um poder que Mallos me presenteou, e que eu posso usar quando estiver em apuros, mas que só duram sete minutos. Posso usar o poder do meu adversário aperfeiçoado para a minha natureza. Agora vamos preciso correr. 

- Espera Surya! Como voce ainda não está familiarizada com a sua mutação eu vou leva-la até os portais. 


= Me levar? Transportar-me? 

- Sim, mas não como os elfos! Suba nas minhas costas e segure firme em torno dos meus ombros. Na questão força, eu não perderia nem para um cavalo de guerra. Em velocidade sou veloz como o vento, em compensação minhas patas são tão leves que nenhum capim se dobra em baixo de meus cascos. 


Aikin voltou para sua árvore! Adryel transformou-se novamente no Dríade e disparou na frente.
Eu lancei-me nas costas do Sátiro e ele disparou atrás de seu filho. Ele não havia mentido, O Sátiro corria sobre as colinas rápido como o vento. Quando chegamos ao circulo de pedras as minhas lãs arrepiaram na nuca como se houvesse alguma coisa fora do meu campo de visão. Eu olhei para o círculo de pedras coberto de Heras, tentando descobrir o que havia me alertado, e quando voltei o olhar para o Sátiro... Grandes chifres haviam brotado entre as lãs dele desmanchando sua trança... Ele continuava belo, mas eu fiquei sem ar perante o susto e recuei. O Sátiro entrou no Circulo de pedras esticou a mão para mim e disse:

- Venha Surya! Não temos tempo a perder.

Eu não tinha certeza se deveria confiar nele... De repente todos os fatos pareciam fazer parte de uma trama. Eu ter atravessado o arco de pedras teria sido um ato pensado de algum deles para me levar aquela dimensão? E como condição; eu leva-los até “Anatólia”?. Adryel não esperou entrou no circulo de pedras e desapareceu. O Sátiro bateu os cascos no chão inquieto: 

- Vamos Surya! O que estás esperando? 


= "O que eu devo fazer? Mallos se estiver me vendo e ouvindo me ajuda"... 


De repente vimos fortes mãos afastarem a cortina de galhos, e uma cabeça humana com corpo de cavalo saiu pela porta aberta por ele nos galhos que barravam seu caminho... Ele tocou uma corneta e ouvimos tropel de mais cavalos se aproximando. Eu me agarrei ao sinto da aljava do Sátiro e me atirei junto com ele no círculo de pedras...

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