Capitulo VII
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Após irmos para o acampamento que montamos para cuidar dos feridos, com lonas e colchões no chão. Draven viu seu amigo de infância morrer com uma flecha do inimigo no coração.... E ficou muito abalado e cheio de ódio... Ele foi até o lado de fora da barraca enquanto Hesmar, Jyann e eu cuidávamos dos feridos. Sabíamos que os soldados do Liano voltariam quando menos esperássemos. Draven estava em um dos seus piores dias e um prisioneiro que estava de mãos atadas brincou com ele dizendo:
- Se faz de fortão, mas chora quando o “amiguinho” bate com as botas.
Draven não admitia brincadeiras com algo tão sério e se zangou! Atacou rapidamente com fortes golpes de luta Greco-romana e derrubou o prisioneiro baixando-o aos cuidados intensivos. Agora tínhamos mais um para cuidar... Pedimos a Draven que fosse dar umas voltas, ele estava muito sucessível a encrencas... Enquanto cuidávamos dos feridos ouvi alguém falar lá fora... Eu conheci a voz, então fui rapidamente para ver de quem era aquela voz que ouvi enquanto lutava na fronteira... Para minha surpresa! Estava diante do Capitão Draven o cavaleiro que ele feriu e cegou. O cavaleiro o estava fisgando com sua espada larga E disse:
- Já lutei em muitas guerras, e voce foi o único homem que conseguiu me ferir tão gravemente e definitivamente, por que me cegou! Isso não vai ficar assim garoto! Voce merece uma resposta!
Draven não tinha como se defender porque o Cavaleiro o emboscou em surdina e estava com a ponta da espada enfincada no abdômen dele. O Capitão tentou reagir, mesmo assim... Mas o cavaleiro terminou de enfiar a espada no abdômen dele e torceu... O Capitão caiu quase morto... Jyann que foi averiguar o que estava acontecendo, atacou o cavaleiro que foi mais rápido que ele e o golpeou com um potente chute. Jyann cambaleou e caiu, e se levantou rápido, mas o cavaleiro o atacou com vários socos no peito, finalizando com um gancho no rosto e sorriu dizendo:
- Ainda bem que voce já está no “hospital”!
Em seguida saiu andando, Percebi que ele não estava ali para matar o Rei e corri atrás dele e dei um poderoso “agarrão” pela grossa cintura dele, depois joguei os pés com força fazendo um pêndulo lateral e o derrubei desequilibrando-o. O poderoso militar não se rendia. Levantou do chão me levando presa ao seu pescoço e sorridente ao se levantar deu um giro e me jogou no chão de costas brutalmente. Ele estava indo embora quando sentiu tonturas, Suas vestes estavam lavadas de sangue do seu olho vazado. Além de ter perdido muito sangue tinha batido com a cabeça no chão com o meu golpe. Jyann que havia se refeito do nocaute, foi ao meu auxílio e percebendo a fraqueza do poderoso militar correu para cima dele. O militar estava com uma mão na cabeça e a outra segurando o alambrado da tenda-pronto-socorro respirando profundamente. Ao sentir a aproximação do Jyann o militar aprumou o corpo rapidamente, apontando sua espada larga e disse:
- Parado aí patife!
Ele respirava e sorria ao mesmo tempo, mesmo com o rosto sangrando. Jyann parou e ficou aguardando na mira da espada. De repente Jyann começou a circular diante do militar que sorriu e atacou com um movimento rápido e reto da espada, como um golpe na esgrima, Jyann pulou para o lado e o golpe acertou seu braço esquerdo... Ele sentiu dor, mas se segurou. Jyann estava desarmado e esperando o golpe. Num movimento instintivo eu rolei no chão entre os dois, me posicionei de frente e ainda no chão estiquei os dois pés na direção das pernas do militar que estava pronto para cortar meu amigo, e furei suas canelas com os saltos de ferro das minhas botas. São saltos finos de quinze centímetros! Belo presente da Elfa Negra Aurora! Claro que quebrou as canelas dele! O militar assustado e de joelhos, porque era impossível ficar de pé questionou:
- Mas... O que é isso?
= Uma defesa fora dos armamentos militares. Uma arma feminina muito eficaz!
Nisso Hesmar veio saindo do “Pronto-socorro” e Gritou quando viu o militar de joelhos.
~* Rei Liano! E humildemente rendido diante dos meus soldados! Essa é uma agradável surpresa!
- Cala a boca pirralho! Respeita um Rei.
~* Eu sou um Rei! E voce está de joelhos diante de mim. Quem deve respeito a quem?
- Não se vanglorie garoto! Meus homens irão atacar e me resgatar. Ou voce acha que o contingente que viu hoje são todos os meus soldados? Todo o meu exército?
~* Não importa mais “Atêmi” está sem governante! Isso irá trazer uma trégua forçada ou podemos matar seu monarca.
- Voce não faria isso!
~* Quer pagar para ver?
Após perguntar isso Hesmar chamou o “Adjunto de Comando” o Capitão Draven para encarcerar o Rei Liano que era um preso político. Mas soube pelo próprio preso que seu adjunto estava entre a vida e a morte provocada por ele. Hesmar preparou um soco para o Rei Liano, mas eu pedi que não se excedesse. Que o Rei estava ferido, pedi que o colocassem na maca com as devidas precauções que merece um preso e fui cuidar do Capitão Draven para em seguida cuidar do olho vazado do nosso inimigo.
O ponteiro em formato de flecha do relógio alcançou o limite do primeiro quadrante. Significava que já marcava três horas da manhã. E eu estava debruçada sobre o corpo do Capitão a mais de doze horas. Mas eu não sentia exaustão. Já havia parado o sangramento do olho do Rei, costurado e curado a cavidade ocular e colocado tala nas suas canelas que eu mesmo quebrei. E finalmente acertara na poção de cura para o capitão, depois de oito tentativas falhas. A espada do Rei Liano tinha alguma coisa diferente que eu não queria perguntar a ele o que fosse. A lâmina tinha deixado uma resina de estanho que fazia a enfermidade evoluir rápido, escorrendo um líquido perolado. Que eu tinha conseguido vencer.
O cheiro das minhas ervas e do éter dos médicos do exército, se alastravam pela tenda médica enchendo meus pulmões de um desconforto doloroso. Mas eu estava com um sorriso satisfeito no rosto. Por sorte algumas ervas élfica tem propriedade de curar humanos. Não tão rápido quanto os elfos, mas com um grande êxito! Com elas eu havia deixado Jyann novinho. Como se evocado pelo meu pensamento o próprio entrou na tenda médica sobressaltando-me por causa do meu estado “relaxado”... Eu sempre estava apresentável, mas depois de lutar ferozmente e passar uma tarde e uma noite curando soldados não existiam milagres que pudessem me ajudar. Embora a presença dele ali não fosse de todo uma surpresa. Eu esperava que ele aparecesse até muito antes... Pois ele era um dos meus ajudantes. O que me surpreendeu foi ele aparecer justo quando eu estava pensando nele... Ele falou sem nem perceber minha “paúra” pela feiura:
- Elfa vamos dar umas voltas! Voce precisa de ar puro, já está raiando o dia. Se andarmos para o lado sudoeste, nós não encontraremos nenhum inimigo. Tem umas árvores frutíferas e voce poderá se alimentar um pouco.
Eu pedi que ele esperasse até que eu passasse a revista pelos pacientes. Pedi aos soldados de guarda que não descuidassem do Rei Liano, mas que também não o fizesse nenhuma afronta ou desrespeito e saímos. Jyann carregava meu arco e Aljava. Ele sempre fazia isso, se esquecia que eu possuía o costume do peso das flechas e que não me incomodava carregá-las. Jyann é um anjo protetor! Posso chamá-lo de "Meu Amigo Leal"! Após andarmos um pouco em silêncio eu disse ao Jyann:
= Estou muito preocupada Jyann!
- Com o quê Elfa?
= Com a recuperação do Capitão Draven!
- Mas não tem por que. Voce fez um ótimo trabalho! Passou a noite inteira tentando a cura até conseguir.
= Eu sei Jyann! Mas a ferida estava envenenada. A espada do Rei é muito perigosa! Por isso ele não perde nenhuma batalha... Desconfio que tenha alguma formula mágica na construção dela. É tão larga e diferente.
- Não entendo de magia. Mas porque o medo se ele está curado?
- Precisei usar “Amortência” na construção do elixir!
- O que é isso? Uma droga de amortecer?
= Não! Uma droga do amor.
- Elfa!! Já pensou se ele acorda e olha pra um de nós e vai querer nos... Bem voce sabe.
= Querer o quê Jyann? Fala explicado. Sabe que algumas coisas dos humanos eu não tenho conhecimento.
- Ué Elfa! Se é droga do amor ele pode querer acasalar com quem ele ver primeiro.
= Não Jyann! “Amortência” provoca... Quero dizer: induz ao amor, a uma atração física e não ao amor carnal. Ele não vai querer Harmonizar com voces coisa alguma. Se ele sentir essa atração vai sofrer... Porque será um amor platônico.
Jyann pegou uns frutos do mirtilo me entregou, saboreou um e perguntou ainda com a boca cheia.
- Elfa se voce sabia disso, porque medicou o Capitão com o elixir? Está apaixonada por ele e quer que ele se apaixone por voce?
= Que apaixonada Jyann! Ele estava morrendo. Eu queria salvá-lo e ainda não tinha tido tempo de aperfeiçoar a formula. Eu precisava alterar a fisiologia do Capitão para expulsar o veneno do estanho que estava no ferimento profundo. Com a “Amortência” eu injetei uma forte carga de adrenalina na corrente sanguínea dele. A melhoria é que apesar de “apaixonado por alguém” ele irá adquirir benefícios em suas habilidades de manobras estratégicas. E terá visão noturna privilegiada.
- Eu iria preferir ficar sem poderes a ter que me apaixonar.
= Voce nunca se apaixonou?
- Não! Nem quero! Sou um soldado e se me apaixonasse sentiria ciúmes. E quando tivesse que sair em batalha morreria pensando no meu amor sem mim. Ah não! Longe de mim.
= Mas eu soube que humanos quando se casam é por estarem apaixonados. Diferentes dos elfos que se casam para reproduzirem.
- Nem todos os humanos casam apaixonados Surya. A maioria casa por situação financeira, por solidão, por costume, por palavra dos pais.
= Qual foi o seu caso?
- Proteção! Minha esposa ficou órfã e meu pai adotou-a e quando ficamos em idade de casar nós casamos.
= Bem diferente de nós os elfos.
- É...
Jyann falou com uma tristeza na voz... Eu não falei mais sobre para poupá-lo de algum dissabor. Chamei-o para voltarmos a tenda médica, já estávamos longe por duas horas. Meia hora depois chegamos e encontramos dois guardas desfalecidos e o Rei Liano com sua maldita espada na mão colada no pescoço de Hesmar. Senti um ódio tão grande subir por minhas entranhas élficas. Nenhum ser vivente deveria querer ver um elfo furioso. Eu rodei meu anel do Elemental do vento e apontei para o Rei Liano que sorriu achando que eu iria dizer-lhes desaforo. Mas não foi nada disso... Eu impus a ele uma força mágica sufocante direcionada ao seu pescoço. E disse:
= NÃO TOQUE NO MEU REI!
O Rei Liano ficou com dificuldade para respirar e largou a espada imediatamente se debatendo e tentando desesperadamente inspirar o ar para os pulmões. Eu mantinha meu dedo indicador apontado para ele diante da surpresa de todos. Eu ouvia todos falarem ao meu redor, mas ninguém conseguia tirar minha concentração. Eu estava com ódio! Até que Hesmar chegou ao meu lado tocou no meu rosto e falou carinhoso:
~* Querida! Eu já estou bem! Pode parar agora! Vamos coloca-lo a ferro. “Nossos amigos” não iriam gostar de saber que voce matou alguém por ódio e não para se defender. Não acha “Elfinha”?
Ao ouvir aquele jeito de me chamar tão carinhoso! Mesmo sem saber quem eu era emocionou-me... Senti que aquele humano era digno de ser um Rei. Meu pai tinha toda a razão em dar a Hesmar e não a Pellor a coroa. Independente de ser o meu irmão. Ele era um verdadeiro Rei.
Eu soltei o Rei Liano e voltei meu anel Elemental do vento para o lugar. O Rei inspirou ofegante com um ronco desesperado parecendo um grande urso. Nós o colocamos a ferro e os guardas nos contou o que aconteceu: O Rei Liano pediu para aliviar-se de suas necessidades fisiológicas, e quando se viu solto, ele fingiu um desfalecimento levando Hesmar até ele preocupado. Assim que Hesmar colocou o rosto sobre o peito dele para ouvir seus batimentos ele o segurou e o rendeu. Queria que dois soldados os levassem até seu barco que estava escondido na orla marítima ou ele mataria o Rei Hesmar. Ele levaria Meu Rei para "Atêmi" E sabe-se lá o que ele faria. Ele não é tão compreensivo quanto Hesmar...
Graças aos “Grandes Espíritos” Jyann e eu voltamos a tempo...
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