"Hera" A canção do Rei

  Capitulo VIII

***

Após termos colocado o Rei Liano a ferros dessa vez. para que ele não arrumasse encrencas.  Eu percebi que Hesmar estava ferido no ombro... Na ânsia de se defender dos soldados Liano havia ferido Hesmar. Pedi a ele que se despisse da farda e cuidei do ferimento com muita ternura. Enquanto eu dava os pontos ele cantava uma canção que me fazia lembrar minha mãe. Aquilo estava me deixando tonta... Como eu poderia lembrar minha mãe se nunca a vi, se nasci e a perdi para sempre... Mas era tão terna que eu verti lágrimas e Hesmar parou de cantar. Dizendo-me: 

~* O que foi Pequena? Minha canção te fez mal?

= Não senhor, Majestade! Só me emocionei porque é muito linda! De quem é essa canção?

~* Não sei Pequena! Meu pai cantava para mim quando eu sentia dores. Eu nasci com um mal congênito e os médicos me desenganaram. Mas meu pai não acreditava nisso. Sua força em não querer me perder me ajudou a sobreviver mesmo com dores. Bem até certo ponto de minha infância.

= Encontraram a cura Majestade.

Não foi bem isso!
 Meu pai me levava em passeios pela floresta a cavalo e ia cantando essa canção porque me acalmava. Ela me fazia muito bem. Era como se minhas forças voltassem. Quando eu estava com quatro anos conheci minha amiga Dríade. Ela sempre se aproximava quando meu pai estava lavando a caça no rio, ou arrumando o acampamento. Ele me deixava junto a uma grande pedra na beira do rio onde crescia uma árvore com uma planta presa nela. E pedia que eu não saísse dali por nada! Ele dizia que os seres da floresta, não me fariam mal., porque eram como Deuses, e Deuses só querem ser amados. Ele pedia que eu não tivesse medo, que ele só estava pedindo que eu não saísse do lugar para não me perder, porque poderia demorar a me encontrar e eu tinha hora certa para tomar minha poção médica. Quando meu pai estava de costas lavando a caça e cantando essa canção que eu chamei de Hera! Eu fiquei olhando para a raiz retorcida da Hera que subia pela árvore. E toquei nela com a curiosidade de uma criança e para meu espanto... O Espirito da floresta acordou assustado e saiu daquela planta!! Foi a primeira vez que vi minha amiga Dríade. Ela flutuou por entre as copas e folhas das árvores, depois desceu por entre as árvores silenciosa... E ficou olhando para mim, os olhos dela me encantaram, eles eram de um verde muito vivo e os cabelos também eram verdes, enormes e pareciam samambaias. Ela tocou no meu rosto e falou algo que eu não entendia... Depois segurou na minha cabeça com as duas mãos e de repente eu entendia tudo. Ela perguntou-me:

♥ Quem é voce? De onde vens eu nunca te vi por aqui?

~* Hesmar vim do Castelo. - Respondi

Ela franziu o cenho e falou com a árvore que ela estava presa antes de ser espírito: a seguir as árvores começaram a balançar e derrubaram suas folhas e fez uma caminha para eu deitar. Eu deitei sem medo. Sentia tanta ternura por ela. Enquanto eu estava deitado o Espirito da floresta me enlaçou com cipós que cresciam dela como tentáculos, eles grudavam em minha pele como se eu tivesse ramos. À seguir me deu um liquido verde com cheiro e gosto de flores. Eu não tinha medo porque meu pai tinha dito que os seres da floresta não me fariam mal. Eu ficava encantado. Depois desse dia ela sempre saia da árvore quando eu estava na floresta, ela sempre me achava para me dar o liquido., mesmo se nós não estivéssemos perto do rio que ela morava. Eu sempre adormecia depois de beber o liquido, e quando contava sobre ela, meu pai dizia que eu tinha sonhado e que fora um lindo sonho. Quando criança eu acreditava nele depois passei a guardar provas apenas para mim saber que ela era real. Eu derramava o líquido de propósito nas minhas roupas, pedia alguma coisa a ela. Eu era feliz sabendo que minha amiga Dríade era real. Quando meu pai morreu eu passei a ser treinado por ela. Poucos sabem que sou ótimo guerreiro. Pensam que sou apenas um filho mimado, porque meu pai deu a mim a coroa ao invés de dá-la a Pellor meu irmão. 

Eu amo meu irmão, mas não posso desfazer o último desejo do meu pai que foi que eu cuidasse de “Anatólia” como ele cuidou. E que nunca deixasse ninguém me dizer o contrário, nem me destronar por qualquer argumento. Eu tenho dezessete anos, mas sou responsável como qualquer adulto. Sempre cuidei do reino e nunca permiti que nada faltasse. Todas as finanças estão em ordem, por isso o Rei Liano deseja “Anatólia” O reino dele está em ruínas. 

Eu estava encantada em saber sobre meu irmão, mas ainda não podia dizer nada a ele que eramos irmãos... E isso me doía. Ele estava se abrindo comigo e eu sabia que o nosso irmão era o culpado por tudo ... Sem saber o que dizer sobre o Rei Liano sem ter que mentir, pois os Elfos não mentem eu perguntei

= Como o Rei Liano deixou chegar a isso Majestade? A querer tomar a "Ilha"  com esses argumentos ilícitos e sem provas?

~* Eu não tenho o conhecimento disso. Mas tenho os papéis do meu pai doando uma quantia bem grande para ajuda-los. Acho que são os governantes abaixo do Liano que não possuem tino para política financeira. Eu sinto dó do Rei Liano porque meu pai me contou que ele pegou o Reino em Ruínas. Ele era um simples capitão de exército quando tudo aconteceu.

= Quer contar-me enquanto cuido do Senhor.

~* Sim! Eu nunca contei para ninguém porque sou tão clemente com Liano e porque não acabo de uma vez por todas com seu Reino. Voce me inspira muita confiança. 

= Obrigada Majestade!

~* Certa vez quando fui para junto do meu pai na biblioteca enquanto ele revisava alguns papeis e eu quis saber do que se tratava. Ele me contou que eram livros de finança do Reino “Atêmi” que ele gostaria que prosperasse como o nosso, acontece que por mais que eles fizessem não conseguiam se levantar. Perguntei por que e ele me contou sobre o Rei Liano de “Atêmi”. Quando meu pai era criança o Reino de “Atêmi” era prospero. Até que chegou à cidade um bruxo com um dragão que deixava a cidade em pânico. O nome dele era Mocsal! Um feiticeiro que lidava com magia maligna, O dragão dele era de energia fria e matava muitas pessoas com lufadas de gelo. As pessoas morriam congeladas e Mocsal sugava a energia espiritual delas. Mesmo as pessoas que o dragão não matava, ficavam desabrigadas e morriam de frio fazendo com que Mocsal recebesse mais energias espirituais e ficava cada vez mais forte e diabólico. Nesse tempo "Atêmi" era presidida pelo Rei Viner. Que vendo seu povo sofrendo foi tomado de uma fúria sem limites. Levou a Rainha para um local secreto junto com sua filhinha recém-nascida vestiu-se para guerra e foi desafiar Mocsal para um duelo. O Rei Viner não sabia que o famigerado feiticeiro já o esperava. Assim que Viner chegou diante de Mocsal ele tirou a vida dele com uma rajada fulminante de magia maligna... Diante do seu povo e com uma facilidade incrível... Porque o pobre Rei Viner estava fragilizado e enfurecido e não usou nenhuma estratégia. Foi de peito aberto. Enquanto o Rei agonizava, Mocsal segurou-o pelo pescoço, arrancou seu coração e jogou para o dragão comer, depois atirou o Rei para seu povo desesperado, que tentava salvar seu Rei... E como os soldados são instruídos a fazer a quem mata um Rei: Eles se ajoelharam diante de Mocsal rendendo homenagens reais. Mas o Feiticeiro não queria o trono. Ele invadia as cidades por espíritos. Virou as costas e saiu deixando “Atêmi” sem um Rei e em Ruínas. Após a trágica rendição do povo, vários monstros e feiticeiros malditos  invadiram “Atêmi” causando pânico no povo já tão sofrido, espalhando caos na Ilha desolada, muitos magos de outros reinos tentaram ajudar, mas foram destruídos pelas criaturas malignas. 

 Ainda sofrendo pela morte de seu Rei! O Comandante Liano recebeu a noticia de que Mocsal estava criando um exército de monstros com os cadáveres dos que morreram na batalha, e com esses espectros dominava os reinos vizinhos, logo dominaria a floresta e todos os humanos seriam transformados em espectros. O Comandante Liano veio até “Anatólia” para avisar sobre o que Mocsal estava fazendo fora das ilhas irmãs. Foi quando o Rei Kandara o meu avô, foi até a ilha e consagrou o Comandante Liano como Rei de “Atêmi” com o aval de todo povo. Liano ficou entre a cruz e a espada. Não entendia nada de governo, só de batalha, mas conseguiu arrumar algumas coisas com ajuda de outros países que amavam nossas ilhas por serem habitat dos Deuses. Principalmente “Anatólia” que era o santuário da “Deusa Sol”. De tempos em tempos o “Sol” transformava-se em uma bela mulher de cabelos dourados e vinha abençoar “Anatólia”. o seu santuário! Numa dessas vindas do “Sol” Liano pediu ajuda para vencer o feiticeiro se ele fosse até “Atêmi” novamente sugar mais energia espiritual. E a Deusa concedeu seu desejo por ele ser tão valoroso. Outro teria abandonado o povo a seu destino e procurado outro exército para comandar! A "Deusa Sol" deu a ele uma poção mágica e uma espada. Instruiu a Liando que quando o feiticeiro chegasse na ilha ele deveria procura-lo, e quando estivessem frente à frente que Liano não temesse. Que ele derramasse sobre a espada a poção mágica e cortasse a pele do bruxo, em qualquer parte! Assim a energia espiritual iria procurar seu destino deixando o feiticeiro vulnerável e mortal novamente... E assim Liano fez. Conseguindo salvar “Atêmi” e todos os humanos com sua coragem e fé nos Deuses.

 Desse dia em diante ele nunca mais perdeu uma batalha... Ninguém descobriu onde estava a esposa do Rei e sua filhinha. Nunca mais souberam dela. Liano procurou sem sucesso, então esperou que elas voltassem a “Atêmi” para reaver a coroa, até hoje. Nossas ilhas são enfeitiçadas a ficar parada no tempo. Alguns de nós já atravessamos o portal para o mundo atual, mas não gostamos do que vimos. Preferimos viver nas “Ilhas dos Deuses”. Muitos deixaram de crer nos Deuses. Mas alguns ainda acreditam.

Hesmar parou de falar por estar sonolento, eu tinha terminado de curá-lo e o ajudei a deitar-se no colchão no chão. Agora eu entendia porque com Hesmar o corte com a espada de Liano estava se fechando. Ele tinha recebido um espírito Dríade. Meu irmão era muito especial. Olhando-o adormecido eu  fiquei pensando que eu ainda estava conhecendo a verdadeira natureza da realidade. E estava feliz por minha Mãe ter conseguido ajudar o Rei Liano a destruir o feiticeiro maligno.... Ele chegou bem perto de conseguir seus objetivos. E também, via o Rei Liano por outras expectativas.

E estava extasiada! Hesmar estava falando da minha família... Nisso o Capitão Draven despertou gemendo alto. Corri até ele para ver o que estava acontecendo! O capitão abriu os olhos, olhou para mim e falou quase como um cântico aos Deuses:


- "Como voce é bela!
 Sua pele clara brilha ao luar. 
Voce é linda!
 São maravilhosos seus longos cabelos dourados 
e seus penetrantes olhos cor de mel.
 Seu corpo é perfeito com suas suntuosas curvas e a cintura fina. 
Mas o que me chama mais atenção é o seu sorriso.
A sua boca pronunciando palavras desconexas...
Me fazendo perder a razão, me levando à loucura! 
Principalmente quando fala o meu nome. 
Seus lábios são de um vermelho rubi... 
Que atraem como imã. 
E o cheiro... 
Deus, o seu cheiro... É a minha perdição...
Eu senti sua presença sem me virar, antes até de acordar...
Eu sabia que voce estava aqui. 
Meus sentidos estão apurados 
e o seu cheiro me desperta sensações inimagináveis. 
Só voce me proporciona isso... 
Só voce consegue despertar meu corpo dessa forma. 
Explicar as sensações? 
Simples: É amor, é desejo.
 Posso sentir seu gosto a quilômetros de distância. 
Mas, nem tudo é tão perfeito assim ... Por que... 
 Para mim, voce é um fruto proibido... 

= Meu rosto queimava como se eu estivesse a beira de uma fogueira... Jyann perguntou surpreso:

= Surya!! Voce me disse que seria platônico. Não é isso que estou vendo.

Eu olhei para Jyann como se meus olhos pudessem fuzilá-lo... Hesmar despertou e perguntou autoritário:

~* O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? ALGUÉM PODE ME EXPLICAR?

.... Óh... 

........

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