O Arqueiro

Capitulo XIV

***


Hesmar gritou para que fechassem os portões!
 Mas já era tarde! A montaria de Keren era ágil e pulou antes que a ponte subisse totalmente... 
O Capitão Draven selou seu cavalo e saiu no encalço da Rainha. Ele tinha uma montaria muito veloz e se não chegasse junto com ela, na certa chegaria pouco depois a ponto de salvá-la de algum desavento... Assim que chegou aos portões da mansão do Cardeal ele ainda viu quando a rainha apeou e dispensou a montaria que seguiu para o estábulo, como um bom e adestrado animal. 
Na grande sala do conselho vestido dignamente o Cardeal aguardava ansioso a chegada de Keren. Ele já estava aguardando porque desconfiou da reunião entre Keren Hesmar e eu. Ele sabia que alguma coisa tinha saído do controle. Keren entrou nos corredores do conselho sem nenhum empecilho, pois estava acostumada a fazê-lo como pupila do Cardeal. Ficou apreensiva quando viu um esplêndido lutador se aquecendo em uma pequena arena que ficava na antessala do conselho, ele possuía um chicote e estava com uma faixa na cabeça com o símbolo da organização monstruosa que o Cardeal nunca a deixou se inteirar do que se tratava. Keren sabia que haveria um combate com alguém... Temeu que fosse com Hesmar. Ela não tinha o conhecimento de que seu filho era um exímio lutador. Draven chegou pouco depois e invadiu a parte central do conselho onde ficavam os membros da organização. Antes que chegasse a sela do Cardeal... Surgiu diante dele um sanguinário lutador para impedi-lo de chegar até o Cardeal. 

- Quem é voce? Sou o Capitão da guarda real e preciso chegar até o Cardeal. 

Falou brutalmente Draven ao lutador. 

- ré ré ré ré ré ré! Voce é o Capitão que perdeu o pelotão para uma fêmea? 

Zombou de Draven o lutador. 

- Como voce sabe disso? 

- -Eu sei de tudo! Porque eu sou o aniquilador. Sou protetor do Cardeal. 

- Porque voce acha que ele está precisando de proteção criatura monstruosa? Eu vim seguindo a Rainha que entrou aqui. Onde está o resto dos homens do Cardeal? 

- - ré ré ré ré ré ré! Calma Capitão! Nós teremos uma festa muito boa por aqui, não se apresse. 

- Para de tagarelice e saia da minha frente! 

Falou Draven irritado, mas antes que pudesse ter qualquer decisão o lutador acertou um violento chute da barriga dele. Foi tão rápido que o Capitão cuspiu sangue e olhou surpreso para o lutador limpando o sangue dos lábios e ia indagar o por quê daquela violência. Mas não teve tempo... Porque  o lutador lhe acertou uma chicotada no peito derrubando Draven que não é um lutador. Ele é um soldado, um arqueiro. O Capitão aguentou com firmeza os golpes do lutador mesmo sangrando. Draven pegou sua adaga e mesmo agachado quase de quatro pelos golpes do lutador, estava pronto a revidar, ele girou no chão tentando acertar as pernas do lutador que ficava saltando e evitando os golpes de Draven que estava decidido a lutar mesmo sem forças. Ele gritou. 

- Para seu “corcoran”! (ele o chamou assim, porque o lutador tinha pele rosada parecendo uma cortiça.

- - Com prazer tolo Capitão! 

Respondeu o lutador zombando do Capitão ferido, e acertou o chicote na adaga dele desarmando-o e fazendo um lanho em seu pulso com as laminas que tinham na ponta de seu chicote. Draven berrou de dor... Ele estava sangrando no peito, no braço, nas pernas, ferimentos causados com as lâminas do chicote do lutador. Draven olhou sua adaga no chão e esperou o momento certo para girar se jogando no chão e pegá-la. Enquanto isso o lutador pegou na cintura uma luva com garras longas e calçou... E guando Draven se jogou no chão para pegar a sua adaga o lutador chicoteou suas costas tirando urros do Capitão que sangrava, mas resistia a dor, enquanto o lutador rindo ironicamente completava sua vitória passando as garras nas costas do Capitão que estava no chão tentando pegar sua adaga. Não conseguindo pegar ele se levantou, cambaleou, mas se manteve de pé, esperando outra oportunidade e mostrando muita fibra. O lutador impiedoso chutou o Capitão que caiu quase morto ao lado da sua adaga... Que ironia... Iria morrer junto a sua arma. O lutador zombando chegou perto e olhando-o de cima falou: 

-- ré ré ré ré ré ré! Chegou seu fim Capitão! Sofra como um cordeiro no matadouro. Quem mandou invadir a mansão do Cardeal sem ser convidado. 

O lutador se preparou para pisar a cabeça do Capitão que desacordado nem sentiria a morte. Mas ele estava apenas recuperando suas energias. Num descuido do lutador ele pegou a adaga ao seu lado e jogou para cravar no abdômen do lutador. Todavia, o lutador com uma velocidade surpreendente se esquivou e chicoteou Draven fazendo-o sangrar mais ainda... E com suas garras artificiais na mão esquerda atingiu violentamente a coxa do Capitão enfiando profundamente e arrastou subindo até a lateral de seu corpo. Depois se levantou e esperou a reação do Capitão que tremulo de dor não possuía mais resistência suficiente para se levantar... Ele pensou: 

“- Se eu não tentar alguma coisa vou morrer aqui deitado como o cordeiro que ele mencionou.” 

Draven se ajoelhou diante do lutador que ria e zombava dele, e se esforçou até se levantar bem devagar, sangrando muito pela profundidade das perfurações. Conseguiu ficar de pé e se posicionou como se fosse fazer um combate corpo a corpo com aquela monstruosidade que era o lutador sanguinário... Ao ver o Capitão de pé e desarmado, o lutador levantou seu chicote juntamente com suas garras para acabar com o Capitão.... E desceu o chicote... O capitão fechou os olhos esperando a morte... e escutou: 

Whomp... Fuiiim... Swooish... Reec! 

Draven abriu um olho só... Em seguida abriu os dois... O lutador estava de olhos arregalados, paralisado, com os braços para cima... E duas pontas de flechas aparecendo em seu tórax... Em seguida foi caindo e “Thud” o corpo caiu no chão surgindo a dois metros atrás do lutador, um Jovem loiro de lãs longas e um belo arco na mão ainda em riste. O Capitão nem teve tempo de agradecer o jovem partiu em disparada e o Capitão desfaleceu! 

No momento em que chegou o Senhor Bartolo com os soldados para levar o relatório até o Cardeal e se deparou com aquela cena! Ele ficou sem entender nada. Levaram o Capitão para enfermaria. Ele despertou e tentou falar sobre Keren, mas desfaleceu de novo... Havia perdido muito sangue. Hesmar e eu chegamos a mansão do Cardeal fomos até a sala do conselho, ele estava calmamente aviando e assinando uns documentos. Recebeu-nos com um enorme sorriso no rosto como se nada tivesse acontecido. Hesmar perguntou por sua mãe, ele disse que não a tinha visto aquela manhã que combinaram de ir até a “Pousada” do Senhor Irvan naquela manhã e a estava esperando. Exasperado e temeroso Hesmar segurou o Cardeal pelo colarinho e perguntou: 

~* ONDE ESTÁ MAMÃE? RESPONDE OU.... 

Eu o segurei firme no ombro e apertei para ele voltar a si e soltar o Cardeal. E disse: 

= Majestade! A Rainha não deve ter chegado ainda. Deve ter estendido a cavalgada nessa manhã ensolarada, vamos. 

Hesmar percebeu que tinha algo em minha mente e soltou o Cardeal. Deu umas tapinhas na roupa dele como que para desamassar de seu apertão e me seguiu. Fora da mansão eu disse a ele que não conseguiríamos salvá-la a força, que deveríamos tentar reavê-la com cuidado, para não atentar sem querer sobre a vida dela. Hesmar estava desesperado. Sabia que o Cardeal havia percebido que os seus planos estavam indo por água abaixo... Ele não iria permitir que fossem estragados por completo e já deveria ter tomado suas precauções contra isso. 

Quando estávamos quase saindo das imediações da mansão e já podíamos ver nossas montarias surgiu ao nosso redor barreiras negras com distância de dez centímetros uma da outra, nesse espaço não podíamos passar. Essas barreiras nos rodearam... “Rocyfer” do lado de fora tentava derrubá-las com suas patas batendo constantemente e não conseguia nem uma rachadura... Hesmar tentou me suspender para eu sair pulando as barreiras. Mas ficávamos sem ar quando tentávamos. Eu pedi a ele que tivesse calam, eu sabia que sempre quando eu estava em apuros algo acontecia, eu não tinha controle do que seria nem poderia ser ao meu desejo, mas acontecia. Ele disse nervoso: 

~* Vamos ficar aqui esperando? 

Nisso eu girei meu anel vermelho do dedo anelar como tique nervoso... E...  Surgiu na minha mão um objeto metálico me assustando. Mas eu não o derrubei, segurei firme e olhei para ele tentando identificar, lembrei-me de que Mallos havia me mostrado algo como aquele quando eu era cria, e me disse que o objeto se chamava “diapasão” e que ele movia e harmonizava ondas sonoras através da ressonância. Me disse  e que aquele não era um “diapasão” comum, como os músicos do meu povo usavam para afinar seus instrumentos de corda.  Era um "diapasão" místico e podia desestabilizar a consistência da matéria e moldá-la como se fosse argila... 
Pedi silêncio a Hesmar que falava pelos cotovelos e toquei nas barras para identificar a sonoridade. Eu percebi que marcou a barra negra muito levemente e que eu tinha tirado as notas "Dó e Lá". Então usando o “Lá e o Dó” que foi as notas musicais que marcaram a barra, eu continuei tocando nas duas barras a nossa frente, com trepidações de ondas sonoras para modificá-las. Usando a explicação que tive do Mallos... Isso é: se eu ainda me lembrasse direito. Eu teria que usar as ondas sonoras para modificar os objetos, mas eles teriam que continuar com as mesmas proporções...
 Então usei as ondas para transformar a matéria das barras em borracha sem mudar seu tamanho nem seu formato. Como era um objeto mágico eu levei muito tempo para conseguir, mas assim que vi que dava, mandei Hesmar passar entre as duas barras que modifiquei em borracha. Ele cogitou que eu passasse primeiro e pela primeira vez eu gritei com ele. 

= Faça o que eu estou mandando agora! 

Hesmar me olhou espantado e atravessou as barras, mas sem me soltar ficou me segurando pelas cintas da farda, e quando estava do outro lado me puxou forte... Eu cheguei a machucar meu quadril, mas atravessei na hora que acabou “meus sete minutos de superpoder” Ufa... Estávamos do lado de fora, montamos e disparamos as montarias para sair dali o quanto antes. 
Não fomos para o Castelo! Com certeza haveria soldados do Cardeal e nós não iríamos conseguir identificá-los, entramos na floresta por precaução e porque precisávamos de estratégias para resgatar Keren das mãos do Cardeal. E precisávamos fazer isso com cuidado para não alertar Pellor que com certeza, mesmo contra a vontade iria correndo contar ao Clã! Após cavalgarmos um quilometro floresta adentro fomos abordados por um arqueiro loiro com arco em punho e atirou em Hesmar que defendeu com seu escudo, o arqueiro pegou uma flecha flamejante e atirou em mim... Eu pulei de “Rocyfer” com toda minha força, fazendo uma pirueta no ar e caindo atrás de suas patas traseiras... A flecha passou zunindo e caiu numa árvore começando a incendiar. Ele ficou furioso e veio correndo para cima de mim com arco armado, querendo atirar a queima roupa... Assim que o arqueiro chegou perto de mim eu olhei nos olhos azuis dele e disse incrédula como se estivesse tendo um pesadelo: 

- MAJESTADE!!! Como assim? 
........... 



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